Condicionamento físico exige paciência

Publicado em por Amandina Morbeck em Cotidiano, Saúde
Corrida - Post: Condicionamento físico exige paciência.

Corrida ao ar livre é tudo de bom – Foto: AdobeStock.

A intenção com este post é falar sobre o quanto condicionamento físico exige paciência, mas a real é que essa qualidade é necessária para qualquer coisa que queremos dominar em qualquer área da nossa vida.

Vou focar em corrida, porque essa tem sido minha atividade principal, mas paciência e respeito pelo corpo devem ser o foco em qualquer treinamento.

Este post pode ser um complemento ao que escrevi anteriormente, Ninguém muda repetindo a mesma história, no qual falo sobre sair do sedentarismo. Embora essa questão de ficar parado no mesmo lugar desejando uma história diferente possa ser aplicada a qualquer aspecto da vida, vamos ao tema deste post. (rs)

Nenhuma atividade física deve ser iniciada de supetão

Nosso corpo vive num equilíbrio que a repetição das nossas ações induz, por isso ele – e também a mente – precisa ser gradativamente preparado para as mudanças. Pessoas que sabem que estou no meu treinamento de corrida, seguindo religiosamente uma planilha há meses, perguntam quanto consigo correr – tempo e distância.

Respondendo pelo meu último treino, que aconteceu ontem: 55 minutos / 6 km (para quem corre há mais tempo, isso é pífio; para mim, é como subir o Everest). Mas o que geralmente ouço são os mesmos comentários, na linha do “jamais conseguiria fazer isso”. Realmente, se fosse para eu começar correndo 55 minutos do nada, sem nenhum preparo, também não conseguiria. Mas não foi assim que cheguei até aqui.

Paciência para seguir o treinamento

Primeiramente, é preciso sair da acomodação, da preguiça – questão fundamental para pessoas que, como eu, não têm limitação física grave que justifique não se movimentar livremente.

E antes de eu começar a correr, foram uns dois meses só de caminhadas. Ao iniciar o treino da planilha, era um minuto andando e um minuto correndo, intervalado, por determinado tempo. Em outro dia, um minuto andando, dois minutos correndo por mais um tempo. Assim foi, passo a passo, com muito respeito pelos meus limites cardiorrespiratório (sempre treino com monitor cardíaco), muscular e ósseo.

A questão é que toda nossa estrutura física e psicológica (de acreditar que somos capazes) precisa se adaptar aos novos desafios propostos. E correr exige muito esforço.

Nada adianta sem regularidade

Muitas vezes, vejo pessoas falando que foram fazer subida em morro (aqui onde vivo é bem montanhoso), uma corrida, uma caminhada longa, uma pedalada e, no meio da atividade, ou se sentiram mal com fadiga, falta de ar, sensação de desmaio etc. ou amanheceram quebradas no dia seguinte. E aí vem a frase de efeito: isso não é para mim – e desistem.

Bom, primeiro que beira à loucura quem, sem preparo suficiente, resolve fazer atividade com alta exigência física. Segundo, o próprio corpo dá o recado de que é preciso começar mais lentamente. Terceiro, ninguém deveria começar atividade que exige muito fisicamente sem passar por exames clínicos e de esforço (avaliação cardíaca).

E mais: de nada adianta fazer algo extenuante uma vez por semana ou a cada quinze dias. Para condicionar é preciso ter regularidade e variação no tempo e na intensidade da atividade.

Acessórios, hidratação, descanso e nutrição

Cada atividade requer acessório(s) ou equipamento(s) específico(s) e seus treinos também diferem, mas uma coisa é certa: hidratação, alimentação correta e descanso entre treinos são fundamentais em qualquer uma.

E se a atividade for aeróbica, depois de passar por avaliação cardiorrespiratória é muito importante usar monitor cardíaco ou popularmente chamado de “Polar” (que na verdade é uma marca, entre outras) e permitir que o coração trabalhe dentro das zonas determinadas no teste de esforço.

De nada adianta fazer exercícios e ficar bufando enquanto os realiza, ficando quase sem conseguir respirar. Os ganhos com isso são mínimos, enquanto os riscos aumentam.

Aprender a correr não foi fácil

Realmente não foi para mim, que comecei com quase cinquenta anos, mas foi ficando cada vez mais prazeroso, com minha animação crescendo cada vez que chegava ao fim de um treino atingindo a meta proposta. Por outro lado, também não tive problema algum quando precisei fazer a mesma sessão mais de uma vez por sentir que não estava na hora de avançar.

E sempre que o nível de exigência nos treinos aumenta, fico ansiosa para ver se vou dar conta. E lá vou eu no meu ritmo, sem me comparar a ninguém.

Consequências positivas: saúde e emagrecimento

Já perdi alguns quilos desde que a corrida tornou-se rotina na minha vida. Estou feliz com isso, não posso negar. É muito legal ver as roupas ficando mais largas. Por outro lado, essa perda é bem lenta. Às vezes, parece que nada acontece.

Os exames de rotina, porém, foram positivamente surpreendentes este ano. E isso também tem sido um grande incentivo para a continuidade da prática da corrida – mesclada com outras atividades, como subir morros, caminhar e pedalar.

Mountain bike -

Pedalar em estradas de terra e trilhas é uma delícia  – Foto: AdobeStock.

Voltando a pedalar

Adoro pedalar! E voltei a curtir minha mountain bike com mais frequência há poucas semanas, encarando esse relevo exigente aqui da Serra da Mantiqueira. E o legal é que agora formamos um grupo, ainda que pequeno, para sairmos juntos por aí.

Subidas existem em qualquer direção nesta região. Por isso, em vez de dizer que não vou dar conta, prefiro empurrar a bike nos trechos difíceis até meu condicionamento melhorar. E assim vou avançando gradativamente e até me surpreendendo com o que já consigo fazer. Pedalar 18 km, por exemplo, com 1.100 metros de subidas acumulados sem dúvida é uma grande conquista para quem está recomeçando depois de anos sem pedalar de forma consistente. Na bike, coitada, aranhas teceram teias e foi preciso uma super-revisão para ela voltar à ativa.

Também em relação ao pedal, bato na mesma tecla sobre a necessidade de desenvolver paciência e de respeitar os limites que coração e músculos impõem, mas sem acomodação, como ficar fazendo sempre o mesmo percurso, por exemplo, sem desafios. É uma equação delicada para encontrar o equilíbrio, mas ultrapassar os limites aos poucos traz resultados que podem ser comprovados com o passar do tempo.

Comprometimento com o treino

Comprometimento com o treino significa comprometimento comigo mesma. Agora que o frio começou de verdade aqui na serra, sair da cama para ir treinar exige uma superdose extra de vontade e às vezes me surpreendo com minha animação. Logo eu, que detesto acordar cedo e também passar frio. (rs)

Tenho cumprido as metas da planilha – que parece que não vai acabar nunca. (rs) Mas como ela é por tempo, o último treino é para correr 1h10min sem parar. Para mim, um grande “uau!”. E depois dela certamente virão outras com novos desafios.

Será que consegui te incentivar?

Será que depois de ler este post você, que ainda não tem uma prática regular de atividade física, ficará com vontade de começar? Espero que sim.

Aqui, corro (e pedalo) em estradas de terra. Há irregularidades no solo, mas já estou acostumada com esse tipo de terreno e gosto muito. Ao redor, morros, verde, gado no pasto, pássaros, vento, cachorros e ar com zero de poluição. Tudo isso é muito especial. Se é para um treino mais exigente, subidas não faltam; se é treino de relaxamento ou se quero algo mais leve, é só evitá-las.

De Sampa para a Mantiqueira

Quando eu morava na capital paulista, até dois anos e meio atrás, caminhava em parques, na USP e na esteira da sala de ginástica do condomínio onde eu morava. Fiz meu primeiro contato com a corrida lá, mas não avancei muito. Aqui na serra é que estou realmente treinando de maneira consistente.

Mas independentemente do lugar onde moramos, sempre encontramos um jeito e um lugar apropriado quando queremos exercitar. Seja qual for sua escolha, lembre-se da importância de contar com bons profissionais para te assessorar – do seu médico ao preparador físico. Não faça nada da sua cabeça, principalmente quando for partir para algo mais exigente fisicamente.

No mais, quanto mais endorfina na vida, melhor. (rs)

Texto: Amandina Morbeck
(saiba sobre mim aqui)

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