Em março de 2012, a revista Exame publicou o texto A vida de corredor do Dr. Drauzio Varella, no qual ele comenta, entre outras coisas, sobre sua rotina de exercícios físicos: corridas, maratonas, acordar cedo, o sacrifício que é para manter-se ativo, de olho na saúde. Li o artigo este ano e fiquei pensando nisso por alguns dias. Gosto muito do que o Dr. Drauzio publica e das opiniões que emite. Por causa desse texto, por exemplo, optei por cortar açúcar da minha dieta.
Mas o que mais chamou minha atenção foi o seguinte trecho: “Muita gente fala que não tem tempo de fazer exercícios. Dizem que acordam muito cedo para levar os filhos à escola, que trabalham demais, que têm que cuidar da casa. Antes eu até ficava com compaixão, mas hoje eu digo: isso é problema seu. Ninguém vai resolver esse problema para você. Você acha que eu tenho vontade de levantar cedo para correr? Não tenho, mas encaro como um trabalho”.
Por que entendo o Dr. Drauzio
Primeiro, porque tenho minha experiência pessoal com exercícios físicos. Nunca fui sedentária, mas também nunca pratiquei nada com constância e a corrida entrou na vida já perto dos meus cinquenta anos, como aconteceu com ele. Mas independentemente de idade, a questão é que nenhuma atividade física é fácil no início. O corpo é preguiçoso e em alguns dias, mesmo já com algum condicionamento, dá uma vontade de não fazer nada… (rs) Mas depois que começo, é tudo de bom. Além disso, meus últimos exames clínicos mostraram os benefícios da corrida (e nas últimas semanas, voltei a pedalar minha mountain bike também).
Segundo, porque não faltam pessoas repetindo que querem algo diferente, mas continuam paradas no mesmo lugar por anos a fio. Claro que essa questão pode ser bem mais ampla, mas neste post refiro-me literalmente à dificuldade para começarem a fazer algo em prol do bem-estar, da saúde. E embora cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, eu gostaria de contribuir positivamente para que mais pessoas saiam dessa zona de conforto que as torna sedentárias.
Amanhã eu começo
Há sempre uma desculpa para quem não assume que não quer ou não consegue fazer uma história diferente. Repetir que “seria ótimo fazer alguma atividade”, que “sei sobre os benefícios para a saúde” ou que “admiro aqueles que mantêm uma prática regular de exercícios” não traz benefício algum.
O ponto central é que ninguém pode tomar atitudes por nós. Fazer ou não fazer exercícios é uma escolha, claro, pois mesmo pessoas com limitações – se não forem realmente severas – podem encontrar maneiras de incluir alguma atividade em sua rotina.
E há tantas opções de fácil acesso que fica difícil alguém dizer que não tem afinidade com nenhuma: corrida, bicicleta, caminhada, natação, pilates, yoga, tênis, vôlei, basquete, futebol, dança, cross-fit, esteira, academia (e suas mil e uma modalidades), artes marciais e circenses, boxe etc.
Para ter uma dose extra de ânimo para começar e manter a rotina depois, o mais importante é encontrar algo que seja prazeroso.
Minha maior preguiça
Mas voltando ao ponto inicial em relação ao que o Dr. Drauzio comenta, tenho de concordar com ele: minha maior preguiça está em ouvir a mesma ladainha de quem, sem nenhuma limitação física, continua em busca de desculpas e repete, incansavelmente, a mesma velha história e não dá o passo necessário para sair do lugar.
Quanto a mim, o que mais desejo é ter saúde e pique para continuar meu comprometimento com os treinos à medida que envelheço.
Texto: Amandina Morbeck
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